19/04/2018

Parabéns, Pindorama!


"Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro",
Oscar Pereira da Silva, 1922
Essa terra, onde as palmeiras buscam os céus e os sabiás cantam como só os sabiás sabem fazê-lo, faz aniversário no próximo domingo. A história desta porção de terra é cheia de controvérsias e incertezas, apesar dos esforços dos historiadores e apresentar versões críveis aos fatos.
Contam que Cabral aqui esteve em 1500 a mando de Portugal. Alguns dizem que o explorador saiu em direção à Índia, onde buscaria especiarias para dar sabor à comida portuguesa. Naqueles tempos, pimenta do reino, cravo, canela, noz-moscada, e gengibre valiam tanto quanto o petróleo vale hoje. Como as rotas comerciais eram controladas pelos turcos, Portugal e Espanha buscavam alternativas para chegar às Índias. O mar, temido por abrigar monstros que comiam navios inteiros, era a única opção.
Cabral enredou-se com os fortes ventos e, barbeiro como ele só, 44 dias depois de sua partida, acabou levando a frota para “outro lado” do mundo.  Sem querer, descobriu a Terra de Vera Cruz como tentou batizá-la.   Pindorama (terra das palmeiras), diziam os tupis, que pelados e alegres viviam por aqui desde há muito. Pero Vaz de Caminha, culto, esperto e cronista de bom humor, dizia que a nova terra deveria se chamar Ilha de Vera Cruz. Os homens daqui, segundo ele, tinham belos rostos e narizes bem definidos, nada usavam para cobrir suas vergonhas. As mulheres também eram belas e não tinham pudor. Gente boa que gostava de presentear e ser presenteado. Ingênuos. Recebiam bem os conquistadores, sem qualquer prevenção. “Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram”, disse Caminha narrando a chegada e os primeiros dias naquela terra que um dia chamariam de Brasil.
A história tem muitos olhares. Nos dias de hoje, o descobrimento por acaso  das terras por navegantes portugueses é visto como piada. Mais uma anedota que se soma a tantas outras. A bem da verdade, contam alguns teóricos que há mapas e anotações que incluem a América em documentos feitos muito antes de 1492, antecedendo o navegador genovês Cristóvão Colombo e sua chegada história às Bahamas. Há quem diga que os chineses estiveram por aqui muito, mas muito tempo mesmo antes. Mas, como se sabe, mesmo na história há teses e mais teses. Algumas delas encontram sustentação em anotações e documentos e outras vivem na fantasia ou na simples desconfiança de quem duvida, porque duvidar é preciso.
Pindorama, pois, está de aniversário. Parabéns, Pindorama! Que os dias futuros possam ser de comemoração e não de prostração. E que os ventos que aqui sopram com insistência ímpar levem esta nau para as descobertas de soluções para os seus grandes problemas.

Saiba mais:

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