04/09/2017

Sei lá!

"O grande desafio é saber o que importa neste entulho de coisas. O que se faz com tanta informação? Para quê tanta opinião? E o que o indivíduo realmente ganha em acompanhar tanta notícia, tanta novidade?"

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Os dias atuais escondem um desafio inimaginável. Lá nos anos 90,  pensadores pregavam que a informação seria a base do futuro. Quem tivesse informação estaria incluído nos novos tempos. Os outros, desinformados, seriam ultrapassados como carroças puxadas por cavalos magros numa estrada asfaltada onde velocíssimos veículos passam sem ao menos levar em conta as placas que anunciam velocidade máxima em 110 km/h.
Meia verdade. A realidade atual é do indivíduo multiconectado: celulares, sites de notícias, televisão, rádio, canais de vídeos, aplicativos e mais aplicativos geram uma atualização simultânea sobre o que está acontecendo no mundo neste exato instante. O tempo em Jacarta, a cotação do dólar, a produção agrícola na china, a bolsa de não sei aonde. É possível saber de tudo. Tudo mesmo. E na hora que se quer.
A gama de informação é tanta que virou algo doentio. Sabe-se de tudo o tempo todo. Opina-se sobre tudo o tempo todo. Compartilha-se tudo o tempo todo.
O grande desafio é saber o que importa neste entulho de coisas. O que se faz com tanta informação? Para quê tanta opinião? E o que o indivíduo realmente ganha em acompanhar tanta notícia, tanta novidade?
Nem vou falar muito sobre manipulação de informação e nem na tão atual difusão de conceitos maliciosamente desprovidos de algum laço de verdade, pois isso já vem incluído no combo da geração de conteúdos, muito mais comprometida com a rapidez da resposta do que com alguma análise criteriosa.
No nosso país, então, a coisa beira ao surreal. Qual a última do ministro do STF? Qual a próxima patacada do presidente fake da nação? O que o deputado falou? O que disse o empresário delator tentando limpar sua sujeira jogando cacaca no ventilador? E o comentarista econômico? E a análise política? Você viu aquele novo clipe da cantora que a cada semana afina mais o nariz? E a dupla sensação da música que foi vaiada num show lá no nordest
Começo a desconfiar que não vale a pena perder tanto tempo com volume excessivo de informação. Como tudo, a dose certa é importante. O excesso, até mesmo de água que é fundamental para a vida humana, prejudica a saúde. Muitas das vezes o sei lá, o não vi, o não li e o não comentei soam como pílulas que revitalizam a saúde.
É apenas uma desconfiança. Não há comprovação científica. Ainda não. 

PS: A oferta de informação é grande. E será a cada dia maior. O problema não reside aí. O que pode atormentar o indivíduo é a necessidade de manter-se permanentemente atualizado. Atento nas 24 horas por dia às atualizações das redes sociais, dos sites de notícias e de outros tantos meios, o indivíduo pode viver mais o que está longe do que o que está a seu alcance.           

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