17/08/2017

Sou Nazista Sim

"Na realidade, o que os manifestantes fizeram foi assumir publicamente aquilo que todos bem sabem: há seres que se consideram superiores aos outros e lutam para sufocar os demais. O nome disso é ignorância".

                                                                                                                                      
Os dias passam e a humanidade aparentemente vai se distanciando dos seus atavismos primitivos. Aparentemente, disse eu. Não apostemos muito na mudança. Ela vem, mas muito lentamente. Podemos apostar isso sim, que há sentimentos escondidos esperando o momento oportuno para serem revelados. Assim, o que parece superado, que parece adormecido em algum canto, bem que pode ser revivido quando meia dúzia de inconsequentes fanfarrões se une para defender uma bandeira.
Recentemente, nos EUA, realizou-se uma passeata para ressaltar a primazia da raça branca. A façanha, batizada de Sou Nazista Sim, juntou homens, mulheres e crianças que unidos marcharam gritando palavras de ordem contra gays, negros, judeus e imigrantes. Por trás de tudo isso o desejo de fortalecer o discurso de direita.  
Na realidade, o que os manifestantes fizeram foi assumir publicamente aquilo que todos bem sabem: há seres que se consideram superiores aos outros e lutam para sufocar os demais. O nome disso é ignorância.
Este seleto grupo não está restrito a uma cidadezinha de 50 mil habitantes nos EUA.  Não! Está infiltrado em todos os setores. Não há que se duvidar que frequentem a igreja e clamem pela justiça divina. E, no final do culto, rezem ao Criador que lhes dê forças para que construam um futuro melhor.
Apesar de ser o mais gritante e comum, o racismo não é a única manifestação preconceituosa que insiste em não desaparecer. Nos dias atuais, onde os julgamentos levam mais em conta a aparência do que a essência há muito preconceito manifestado ou silencioso. Homofobia, gordofobia, elitismo/preconceito social, machismo, entre outros, estão por aí, muitas vezes disfarçados ou mesmo explícitos nos comentários nas redes sociais. Por trás de tudo isso está a construção da ideia de que alguém por ostentar certa cor de pele, certa e desejável forma do corpo físico, um diploma na parede, uma porção de dólares a mais que os outros tem mais valor e precisa ser reconhecido por isso.
A humanidade vez por outra imita o cão neurótico: corre atrás do próprio rabo num processo cansativo e esteticamente muito feio. Seria muito bom que cansasse logo.

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