22/03/2016

O sonho e o Pesadelo

“O sonho acabou”, disse John Lennon, sepultando a esperança de milhares de jovens que viviam momentos de afirmação da cultura do “faça amor não faça guerra”.  Os Beatles, a maior banda do planeta, deu adeus aos holofotes. Os jovens, no entanto, continuaram nas trincheiras com metralhadoras imaginárias lançando rosas, sorrisos, paz e amor. As guerras não cessaram.  As diferenças entre as pessoas não acabaram, mas a mensagem de que o mundo deveria ser mais humano e menos armamentista espalhou-se lentamente. E, sem dúvidas, chegou até os dias de hoje.
Por aqui, basta uma escutada num destes noticiários do rádio ou uma lida nestes sites de notícias para notar que o clima sobre os céus da pátria amada andam mais para pesadelo do que para os doces sonhos do passado. As bandeiras foram recolhidas faz tempo. Os ideais ficaram esquecidos entre as intermináveis discussões das reformas política e fiscal (que nunca saíram do papel), dos acordos de governabilidade, dos controles orçamentários, das metas de crescimento e outros artigos tão subjetivos e tão distantes do homem comum, mais acostumados com os esquemas táticos dos times de futebol, com os roteiros novelísticos e com as facilidades dos crediários das lojas populares.
E não há muito que reclamar. O tempo dos sonhos vai ficando para trás. Algumas boas ideias foram colocadas em prática e se mostraram altamente funcionais. Outras em tanto. A realidade mudou. E mudará muito mais ainda. Certo é que a esquerda brasileira teve tudo nas mãos: aceitação popular, alguma tolerância da mídia (certamente regada pelos milhões aplicados em forma de publicidade oficial), competência na manutenção de fórmulas que mantinham o mercado aquecido, controle inflacionário e acesso ao ensino superior facilitado. Além de outras iniciativas contidas nos programas de incentivo ao desenvolvimento do indivíduo (que causam desconforto na nobre direita brasileira e na classe média, que almeja ser rica e não quer ver o  pobrerio por perto).
Certo é que tudo ficou muito parecido no submundo político. Esquerda, direita e centro finalmente entraram em acordo. Não para governar, mas para enriquecer.  Imagino que alguns dos envolvidos nestes fortes esquemas de lavagem de dinheiro, de exploração de prestígio e achaque aos cofres públicos ainda se reúnam com suas famílias para um churrasco de domingo. E as mães, zelosas, preocupadas com a reputação de seus rebentos, ainda façam fortes cobranças em relação às manchetes que alardeiam que este ou aquele sujou as mãos na lama da corrupção. “Mas, é assim que funciona no Brasil. Se eu não faço, outro faz. Todo o mundo age assim!”. Do alto de sua autoridade materna não precisa grande esforço para ouvir a sentença que toda a mãe dá nestas horas.  Robusta, certa, inafastável e imodificável: “Mas, você meu filho, não é todo o mundo!”.
Quem vende sonhos não pode apresentar as mãos sujas. Simples assim.  

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