02/02/2012

Os padrões de beleza

O nascimento de Vênus, Botticelli

Segundo consta o panorama está mudando, pelo menos no quesito masculinidade. Saem de cena os metrossexuais e voltam à cena os homens normais. Os homens excessivamente preocupados com a aparência, com a aplicação de generosas camadas de hidratantes na cútis, com os cuidados com as unhas, com depilação e com os últimos lançamentos de produtos de beleza, ao que tudo indica, estão se despedindo. Em seu lugar entram homens não tão barnabés quanto os antigos, mas preocupados com o bem-estar, com a saúde, porém, não se torturam na frente do espelho, nem entram em crise com o aparecimento de cabelos alvos ou, ainda, com a impossibilidade de adquirir aquele produto recém lançado em Londres.
Par e passo, aparece ainda com timidez nas redes sociais o movimento que ressalta a beleza das mulheres comuns. Uma resposta ao padrão de beleza atual, onde os ossos proeminentes agridem nossos olhos. É tão absurda a ditadura da moda que as modelos, estas mocinhas pálidas, visivelmente sem saúde, parecem volitar pela passarela conduzindo vestimentas que só cabem naqueles corpinhos esquálidos. Dão a impressão de que vão desmaiar de fome nos próximos passos. Contraditoriamente, quanto mais privações sofrem, mais valorizam sua estampa. Porém, para um cidadão comum, como eu e tantos outros, que somos de carne e osso (e, quem sabe, alguns pneuzinhos aqui e ali), estas modelos são retratos de sofrimento. Não há sensualidade, não há beleza. Alguém já disse que nos desfiles de modas as modelos são meros cabides.
Por isso, vai tomando corpo o movimento que valoriza os seres normais. Homens e mulheres que trabalham, estudam, criam filhos, comem uma lasanha aqui, se deliciam com um chopinho ou uma cervejinha vez por outra. Que vivem de maneira saudável e não se atiram de corpo e alma atrás de uma silhueta perfeita, de um padrão inacessível. Torço para que o mercado (este monstrinho sem cara, sem dono, sem identidade própria, mas todo poderoso) possa compreender que os consumidores não são padronizados. Assim, os vestidos não podem ser feitos somente para as mocinhas magérrimas e as bermudas devem caber também em homens que porventura ostentam alguma barriguinha.
A imposição de um único padrão de beleza é, também, uma questão de saúde. A anorexia nervosa – um transtorno que atinge pessoas que perseguem a magreza como estado ideal atinge todas as classes sociais. As pessoas sentem-se acima do peso ideal e vão eliminando itens mais calóricos da alimentação, além de utilizar outras estratégias como vômito, exercício físicos em excesso e jejum absoluto.
Claro, não vamos aqui defender a falta de cuidado, os excessos, a selvageria no trato com a alimentação e com a aparência. O excesso de qualquer modo sempre será prejudicial à saúde. O meio termo parece ser o ideal. Abaixo ao padrão universal de beleza, ditado pelos designers de moda. Um viva à beleza dos homens e mulheres comuns!

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