20/05/2011

O Espírito que Anda

Há mais de ano minhas crônicas, publicadas aqui no Jornal Bons Ventos, são postadas no meu blog. Foi a forma que encontrei para reunir todo o material produzido ao longo de mais de dois anos. O sucesso foi surpreendente. Não suficiente para me tornar uma personalidade do mundo virtual, é claro, nem para trazer quaisquer dividendos financeiros. Porém, através da web, as ideias ganham o mundo, chegando a locais antes inimagináveis. É o pensamento viajando, rompendo fronteiras, projetando-se além do físico, tal qual faz nossa alma em nossos sonhos.  
Diferentemente da prática que me impus, hoje subverto a ordem e publico uma coluna que nasceu para o blog, num tema que é muito caro: a imortalidade.

  A Imortalidade do Fantasma*

Fantasma- Reprodução
Não tinha como adquirir revistas em quadrinhos, naqueles anos 70. Assim, restava encontrar alternativa para não ficar distante daquela febre infantil. Uma delas era passar na Miscelânia, um sebo de propriedade do Mick, onde furtivamente folheava os gibis enquanto tentava disfarçar dúvida na escolha do produto, que nunca seria comprado. 
Outra forma concreta era a herança. Em algumas casas do Centro da cidade era costume descartar os gibis antigos colocados estrategicamente perto da calçada. Uma das residências onde se juntavam preciosidades era a do professor, ex-prefeito e deputado Romildo Bolzan. Mais de uma vez meus olhos brilharam diante de preciosidades como Tio Patinhas, Recruta Zero, Madrake e O Fantasma ali na calçada ao meu alcance.
 
Foi neste tempo que entrei em contato com a questão da imortalidade. Não foram longos estudos filosóficos, científicos e nem debates religiosos. Com pouco mais de 10 anos, o tema me apareceu justamente através das histórias em quadrinhos. O personagem Fantasma, o Espírito que Anda, criado por Lee Falk - também criador do mágico Mandrake-, completa 70 anos de atividade, promovendo a justiça na selva africana. 
O Fantasma imortal é Kit Walker, vingador das selvas, que um dia, sobre o cadáver de seu pai, que fora assassinado, jurou dedicar todas as suas forças contra a ganância e a injustiça. Para os moradores das selvas somente um Fantasma existe. No entanto, há mais de 500 anos os descendentes de Walker assumem o papel do herói, após receberem o anel da caveira.
 

Também faz parte da história a jovem Diana Palmer, que deixa a vida social na cidade e se apaixona pelo justiceiro. Capeto é o lobo treinado pelo Fantasma e Herói seu cavalo branco. Walker e Diana casam-se e têm gêmeos, Kit e Eloise. Kit, seguindo a tradição, será o 21º da linhagem do Fantasma e substituirá seu pai, no futuro.
O Fantasma foi adaptado para o cinema em 1996, sob a direção de Simon Wincer. Contando no elenco com Billy Zane, como o personagem principal, Kristy Swanson, como Diana Palmer, além de Catherine Zeta-Jones, como Sala. A película obteve relativo sucesso. Para os aficcionados, porém, ficou a dívida de adaptação mais consistente nas telonas.
O Espírito que Anda ainda é editado. Aqui no Brasil sua roupa é vermelha. No exterior é roxa. Dizem que foi por falta de tinta no tom certo que a primeira editora adaptou trocando a cor. Pequeno detalhe para um imortal.




*Postagem editada e adaptada para publicação no Jornal Bons Ventos 

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