07/04/2011

Fortunas e merrecas no mundo do espetáculo

O mundo do espetáculo é um mundo diferente. Os valores que circulam por ali são surreais. Em Hollywood, um único ator, segundo levantamento da Revista Forbes, pode receber a montanha de 130 milhões de dólares em uma única película. Foi o que recebeu o ator americano Johnny Depp, o mais bem pago do cinema americano. Diante dele, Brad Pitt, 10º colocado na lista, é um pobre coitado, com meros 27 milhões de dólares.
Lógico que, se o ator principal ganha tudo isso, é porque o produto vai arrasar. O estúdio recuperará o valor logo em seguida, através de uma bilheteria estupenda nos cinemas. Lucrará, ainda, vendendo o filme para as tevês fechadas, lançará DVD, bonés, camisetas, bonecos, jogos e uma série de produtos que darão um lucro substancial.
A NBA, liga americana de basquetebol, também apresenta valores estratosféricos. O maior salário, segundo as listas publicadas na internet, é de Kobe Bryant, que recebe algo em torno de 24 milhões de dólares por temporada.
Os astros não ganham tudo. Ganham apenas uma parcela ínfima da fortuna que geram para a indústria. No futebol não é diferente. O hermano Lionel Messi, do Barcelona, com seus passes precisos e sua fome de bola, garantirá algo em torno de 73 milhões de dólares no ano. Ronaldinho, do Flamengo, não precisa caprichar muito em campo. Apesar do jeito de ex-atleta, ainda garante uma fortuna de 43 milhões de dólares por ano para a família Assis, segundo o estudo da revista France Football.
Se comparados aos valores de mercado até que o futebol brasileiro é modesto. O atleta que mais ganhou no ano passado, conforme a Revista Placar, foi Ronaldo Fenômeno, algo próximo a um milhão e 800 mil Reais por mês. Entre os treinadores, Felipão, do Palmeiras, vê pingar em sua conta R$ 700 mil por mês, chova ou faça sol, ganhando ou perdendo os jogos.
A torcida gremista ficou apavorada no final de semana quando uma matéria da Zero Hora revelou que o jovem Leandro, de 17 anos, ganha 800 pilas por mês, na condição de amador. Calma, a direção já providenciou um aumento substancial. No final deste mês seu salário passará para R$ 7 mil por mês. Uma ninharia. Um quase nada. Uma merrequinha, me disse alguém.
Para todos os seres comuns, que lutam diariamente pelo leite e pelo pão, que dão duro para arrancar o sustento de cada dia, que se derretem em suor nos dias quentes do veranico de abril, convenhamos é muita coisa. Porém, no mundo do espetáculo sempre haverá muitos outros com chances de ganhar em cima do talento dos jogadores. Clube, empresários, emissoras de televisão, marcas de artigos esportivos. 
Alguém não convencido desta disparidade, dirá: “o colunista está louco. Sete mil contos é um bom dinheiro, ainda mais para um guri”. É, caro leitor, um bom dinheiro aqui no mundo dos comuns. No mundo do espetáculo é bisonho, ridículo. Que vamos fazer? Não nascemos artistas! Nosso talento – e todos nós o temos – não rende tanto quanto o talento deles. Para cada Ganso, Neymar e Pato há milhares de meninos que lutam por uma chance em campos maltratados, em concentrações furrecas. Deixam suas famílias e partem em busca do sonho. Buscam o Eldorado, uma vaga no Olimpo. Um que outro atingirá a glória. A maioria terá que se contentar com muito pouco, quando muito com a várzea. Ironias que o mundo do espetáculo nos reserva.


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