16/05/2010

Levando vantagem

Precisamos de certo tempo para a adaptação às novas tecnologias. No passado esse tempo era longo. As mudanças tecnológicas se processavam também lentamente. O consumidor era conservador. Qualquer alteração no produto e, pronto, acabava a fidelidade. Hoje, ao contrário, as novidades aparecem em profusão. Nem bem acostumamos com alguma coisa e, no dia seguinte, surge algo diferente, mais completo, com algum item diferente, prometendo esta ou aquela vantagem adicional.
Da mesma forma com que somos invadidos por novos lançamentos, que, quase sempre, têm como objetivo aumentar a satisfação do usuário; estamos na mira de uma centena de fraudadores, que não têm este nobre objetivo em suas mentes. Ao contrário: querem gerar dor de cabeça em incautos. E eles são espertos. Todas as ferramentas possíveis são usadas para atingirem o resultado. Invadem o celular, o telefone fixo, o endereço de e-mail. Jogam a isca, apresentando um prêmio a quem cultiva a vontade em levar alguma vantagem.

Dias desses fiquei sabendo por um torpedo de que havia sido sorteado no Programa do Silvio Santos. Estava a minha disposição um carro zerinho. Oba!!! Só que nunca me inscrevi em qualquer concurso do SBT, nunca telefonei para lá, jamais comprei os carnês do Baú, do Milhão ou de qualquer arapuca parecida. Bastava ligar para o número x e, pronto, botar a mão no prêmio. Bobagem, menino, bobagem!
Agora, no final do ano, soube que o Luciano Huck estava doidinho atrás de mim. Seria eu e a família Reis atração num programa dele. Bastava ligar para o número tal que eu seria atração na Globo. Que bom! Enfim, celebridade! Quem sabe eles não descobrem meu talento e me escalam para uma novela das nove! “Vai liga, não perca esta oportunidade...”, dizia mensagem.
Imprecisões técnicas são constantes nas mensagens. Seguidamente sou chamado a atualizar meu cadastro no Bradesco e no Banco do Brasil. Não possuo contas nestes bancos, o que, pelo que se vê, é um detalhe insignificante. Já fui intimado de um processo existente onde figuro como réu no Tribunal Federal cuja audiência seria realizada no Tribunal de Justiça. Recebi, também, uma intimação da Receita Federal para desbloqueio de CPF, sem falar no SERASA e na regularização do meu título eleitoral, tudo pelo e-mail.
Enquanto terminava esta coluna, atualizei meus e-mails. Uma tal de Mônica estava louca atrás de mim. Só lendo o recado já notei que ela estava aflita, precisava me encontrar de qualquer jeito e não resistiu: enviou uma mensagem instigante: “Nossa foi demais ter passado o dia com você no motel, que dia podemos ir de novo?”. E mais, não satisfeita apresentava uns links prometendo fotos na banheira, na cama e no quarto. “Me liga mais tarde, precisamos conversar!”. - Então tá, daqui a pouco eu vou acessar as fotos e depois eu te ligo. Fica esperando, Mônica!
E assim vai a vida. Os safados bem que tentam. Querem nossos dados, querem acessar nossos trocados, querem créditos em celular para comandar crimes das penitenciárias. Alguns de nós, acreditando que através da magia e do milagre vamos resolver nossos problemas, ainda caímos no conto do vigário, do bilhete, do celular, do e-mail. O estelionatário, esperto como ninguém, sabe que lá no fundo, dentro de cada um de nós, existe um sujeito louco para levar alguma vantagem. Eles vendem ilusão. São trabalhadores, desonestos, é claro, tentando se valer da nossa própria desonestidade ou de nossa desatenção! Não somos obrigados a comprar o que vendem.

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